terça-feira, 22 de abril de 2008

antônimos alternativos

Tem dias em que tudo cansa. Acordar cansa, escovar os dentes cansa, ver televisão cansa, estudar cansa, coçar o saco cansa, escrever no blog cansa. Não um cansaço que dormir resolva. Um cansaço mental, um tédio. Fica parecendo que tudo que se está fazendo, faz-se da forma errada e que a festa é em outro lugar.

Vontade que a vida fosse um antônimo alternativo à morte ou ao suicídio.

segunda-feira, 14 de abril de 2008

ciclo

A notícia veio acompanhada de uma arritmia respiratória como se o curso natural das coisas tivesse dado um salto. Daí naqueles momentos de vertigem em que se busca o chão é que me dei conta de que já era manhã e que lá fora ventava. Dia cinza. Algumas palavras ao telefone, informações a mais, detalhes, horas. Ainda andei um pouco pela casa. Queria pouco som. Queria descanso. Queria pensar. Vi o vento nas árvores lá fora e aquilo me deu paz, num dos misteriosos artifícios da natureza. Falei com amigos e saí.
Cemitério vem do grego ‘kemiterus’ (ou algo assim) quer dizer dormitório. “Nós que aqui estamos por vós esperamos” me veio à cabeça. Há muita bugiganga enfeitando buracos no chão onde choramos nossos mortos, nossos libertos. Para quê? Os antigos acreditavam que os mortos viviam em mundos subterrâneos e que eles precisariam de comida e bebida do lado de lá. A física moderna concebe a existência de outras dimensões. O Espiritismo diz que eles estão entre nós. ‘O silêncio da sepultura é pobreza dos sentidos’. Que assim seja pois de qualquer forma o que fica é o que sentimos. As lembranças das risadas, das bagunças, dos choros, das viagens e tantas outras coisas. Só lembrança será com o que temos de nos acostumar quando não podemos mais ver, tocar e abraçar a pessoa que se apagou aqui para continuar lá. Lá para onde iremos também assim que não tivermos mais como sentir tanta saudade, aqui.

quarta-feira, 9 de abril de 2008

todo estranho


Calem a minha boca.
Tapem os meus ouvidos,
mas não esses que as mãos alcançam.
O meu espírito pode adivinhar a agulha caindo no quarto ao lado.
E de tanto me olhar já me perdi no que sou.

(Escher Cube Real Front)