quinta-feira, 11 de setembro de 2008

o invejoso

A inveja corroeu-lhe a garganta que nunca lhe havia parecido tão longa. Sentiu-se uma girafa que comera um galho afiado. Vontade de dizer a todo mundo que era melhor que ele de alguma forma que ninguém havia percebido, que era especial. Vontade de mostrar a todos que ele também era engraçado, que sabia piadas inteligentes e tinha opiniões interessantes sobre tudo, de mulher e futebol a política e filosofia, que sabia se vestir, que entendia de arte, de rock, de samba e ainda tocava, cantava, atuava e era artilheiro do time da faculdade. Tudo ao mesmo tempo só para se sentir um pouco mais amado que o outro que, agora, mostrava que era melhor que ele em tudo isso. E era. Em algum nível sabia que deveria se acostumar a isso, mas no mais imediato não se conformava. Ninguém deveria ter o direito de ser tudo aquilo que ele queria ser um dia.