terça-feira, 20 de novembro de 2007

pelo avesso, assim

Sei não, mas parece que alguém morreu. A sensação de que se está meio fora dos quadros, meio diferente de todo mundo, meio pior que todo mundo, bem como a sensação de que um eu que existia cessou de existir. Sim, a vida tá aí com suas dificuldades e seu dia-a-dia e tudo faz parte, mas agora não é a hora de tentar se conformar. É um pouquinho do “mas só não me diga isso” da Via Láctea do Renato Russo por que havia algo ali que não está mais. Alguém levou. Criou pernas e andou. Desapareceu. Sumiu. E ainda tô meio assim, meio cão sem dono sem saber se quero chorar ou dormir, desistir ou tentar.
Depois passa. Como sempre.

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

ritos de passagem, sarcasmo e reencarnação


Eu era bem pequeno e meu primo André vivia na casa do meu avô. Lembro que estávamos em cima da cama vendo tevê e ele me mostrou a revista. Devia ser um sábado. Até então, para mim, os únicos quadrinho que prestavam eram os da turma da Mônica, em particular os do Chico Bento. Lembro que achei a coisa meio desorganizada, sem sentido. Coisa dos grandes. [Quando eu era criança existia essa demarcação social. Os pequenos e os grandes. No meu prédio tinha dois parquinhos pra gente brincar: o dos pequenos (com aquelas casinhas coloridas de madeira e vários outros brinquedos, que nós chamávamos de ‘casinha do Tarzan’ sabe-se lá por quê) e o dos grandes (que tinha o popular trepa-trepa, que nós chamávamos de ‘Aranha’ e mais uns dois balanços para crianças maiores)].
O tempo passou e minha irmã fazia um tratamento dentário que além do uso de aparelhos previa consultas a uma fonoaudióloga. Eu já adentrava a nova geração dos ‘grandes’ (usuário, portanto, do outro parquinho) quando, numa sala de espera da dita fonoaudióloga, resolvi escrever mais um capítulo da minha iniciação. Debaixo da mesinha que separava as duas poltronas onde eu e minha mãe esperávamos minha irmã, havia vários números da revista. Mad. E daí que não havia organização ou sentido? E daí que o guri banguela e sardento da capa não aparecia em nenhuma das histórias? Descobri com orgulho que eu já era um dos grandes. Já conseguia entender e achar graça daquilo tudo. Tinha sátiras de programas de tevê, de filmes, spy vs spy e, o mais sensacional, as dobradinhas da última página. Só quem viu, sabe o que era. Além de me catapultar ao mundo dos grandes, graças a revista MAD o sarcasmo e a ironia passaram a fazer parte da minha visão de mundo. Pensando bem, não foi só o fato de ter sido um lord maçom inglês na outra encarnação que me fez assim tão maldito. As revistas MAD também contribuíram bastante. Ouvi dizer que estavam sendo publicada pela Panini , mas tentei encontrá-las em algumas bancas da cidade esta semana e não encontrei. Continuarei a procurar. Se achar, divido com vocês algumas pérolas.