segunda-feira, 24 de novembro de 2008

circuito fechado

É de fiar a saliva que envolve este ar, tecendo elos e sentidos, pulsando e aquecendo. Singelo e pungente como o desabrochar. Como o amanhecer. Como os fios dos teus cabelos descendo pelo pescoço. Vermelhos. E o cheiro. O toque. O gosto. E o que eu não sei dizer em palavras. Mas que nasce no peito e sai pela boca. De fiar. A saliva que envolve este ar que estamos agora.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Aquele abraço

Ainda tenho muito a aprender sobre as pessoas. Sobre mim mesmo, vou aprendendo aos poucos e acho até que já sei razoavelmente, mas sobre as pessoas tenho alguma dificuldade. Acho que por egoísmo, egocentrismo, egotismo (ou tantos outros eguismos) pouco estive entre os homens, esta máxima definição do que é viver, salvo engano, oferecida por Hannah Arendt- sem muito tempo para maiores pesquisas no momento e atento ao fato de que o que importa é o sentido-. Para se ter uma experiência sublime de alteridade é preciso muita humildade, quebrar as estátuas de sal que sedimentamos em nosso átrios e ventrículos e deixar fluir o risco de nos libertarem que o risco de nos libertar molda no mundo. Amar é uma experiência transcendental que requer uma certa dosagem de ousadia e perícia, sem excesso para qualquer dos lados. Nessa alquimia é que, imagino, vamos construindo o nosso prestígio.