quinta-feira, 1 de maio de 2008

epistolar

1: Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o símbalo que tine.
2: E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria.
3: E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria.
4: O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece.
5: Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal;
6: Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade;
7: Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
8: O amor nunca falha; mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá;
9: Porque, em parte, conhecemos, e em parte profetizamos;
10: Mas, quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado.
11: Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino.
12: Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido.
13: Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor.

S. Paulo, I CORÍNTIOS 13.


***

“A religião se preocupa tanto com o pecado original que olvidou-se da pureza original” é uma frase que os roteiristas de “Irmão sol, irmã lua” colocaram na boca do Papa Inocêncio III em seu diálogo com São Francisco de Assis. Pouco me importa se assim foi ou não, o que me importa é que falar em religião causa curto-circuito em muitas cabeças, quando na verdade, deve ser somente uma proposta de ver o mundo através da ótica do Amor. Lobotomia, cauterização cerebral. É o que já me disseram a respeito dos métodos desse malfadado instituto, mas o que mais me espanta é que quem assim acusa, serve a algum tipo de convicção que igualmente lobotomiza e cauteriza e que, por muito pouco, não pode ser chamada de religião. Não experimentaram sentimentos que eu, religioso que sou, já experimentei. Certamente que igualmente eu me privo também de certos afazeres, mas religião e convicção são, no final das contas, escolhas, e em toda escolha há caminhos que devem ser deixados para trás.
Mas não há grandes diferenças entre não-religiosos e eu. Sei que tem dias em que estou menos religioso que eles e isso é confortante, não por gosto de vê-los submetidos aos meus caprichos (vendo-os vencidos pela religiosidade), mas por identificá-los como iguais, por que nessas ocasiões também eu estou submetido aos caprichos deles (vendo-me vencido pela não-religiosidade).
A religião, para mim, é a linguagem do Amor. Nos ligamos a Deus (Todo Amor) por ela. Nos unimos ao Todo através dela.

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