Não deixa de ser paradoxal temermos tanto o passar dos anos, mas comemorarmos cada virada de 31 de dezembro para 1º de janeiro. Lembro-me de quando era criança e a dificuldade que tive para saber qual era o ano que estava começando. Na verdade, lembro-me de minha surpresa ao descobrir que existia algo como ‘anos’. Na minha pouca idade, não tinha atinado ainda para o porquê das festas de aniversário, as minhas preferidas, se repetirem e o intervalo de tempo entre elas. Eu havia presenciado poucas delas, para inferir uma regularidade, mas foi minha irmã mais velha que me ensinou esse disfarce numérico do tempo me explicando que, naquela noite, havia começado o ano de 1989. E lá se vão 20 anos.
De lá para cá, o tempo, essa testemunha minuciosa, cumpriu o seu papel sem nem me perguntar se podia, se eu estava de acordo. E assim, de menino me fiz moço e de moço vou fazendo-me homem. E eu que tire minhas conclusões. O tempo nada diz, só exemplifica. Este o seu método pedagógico, o único e, portanto, infalível.
Não vou reforçar o clichê de que as reflexões de fim de ano devem ser feitas todos os dias, nem muito menos o seu oposto, que diz que são inúteis. Acho que “reflexões de fim de ano” vêm automaticamente quando concluímos um ciclo da nossa vida. Impossível não fazermos um retrospecto quando concluímos a última série do colégio, quando nos formamos na faculdade, quando nos casamos, quando nascem nossos filhos e por aí vai. Realmente, todos os dias é impossível. Tem dias (a maior parte deles) em que o que mais queremos é cuidar da vida do que ficar fazendo retrospectos. Life is what happens while you´re doing other things. E é do conjunto desses dias que depois fazemos as nossas reflexões. Creio que a importância das reflexões é instilar a necessidade de melhorar aquilo que temos de pior e aperfeiçoar o que temos de melhor para os próximos dias que não queremos pensar sobre isso. E assim fazemos Darwin feliz, pois vamos evoluindo. Pouco importa se nos dias em que não queremos pensar sobre isso, mal nos lembramos integralmente das reflexões feitas, há sempre algo que nos leva a agir de outra maneira por que sabemos que, do contrário, iremos sofrer. Enfermidades psíquicas e suas nuances à parte, não somos adoradores do sofrimento.
Celebremos, então, a chegada de 2009! Celebremos o deus do tempo e sua força, mas não nos esqueçamos de interpretar seus sinais!
Paz!
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