O sonho de D. Lena era casar-se na Igreja. Como não tivesse dinheiro para tanto, casou-se em casa mesmo com uma cerimônia simples e vestido branco bordado à mão, mas na promessa de que na comemoração de 25 anos de casada, entraria em uma Igreja com Felippe, seu jovem marido. Aos 25 anos de casada e com 12 filhos para criar, não pôde, mais uma vez, realizar seu sonho.
Época difícil, o filho mais velho foi convocado à Guerra. Em poucos meses, foi tirado de casa e mandado para Itália e suas cartas demoravam um mês para chegar. Angústia. Semanalmente pedia a um dos meninos que escrevesse para ela uma carta ao irmão, mas as respostas demoravam tanto a chegar...
À hora do carteiro, D. Lena se postava ao portão aguardando que o mesmo viesse ao seu encontro. O fazia mais por teimosia e por preocupação maternal por que sabia mesmo que as cartas de seu filho amado eram sempre anunciadas por alegre e brejeiro personagem: uma borboleta amarela voejando pelo quintal. As filhas se riam quando viam a mãe feliz por causa de uma borboleta amarela, mas, com o tempo, puderam constatar a inusitada coincidência. A borboleta amarela trazia boas notícias.
O filho retornou da Itália são e salvo, ela deu grande festa, ainda que modesta. D. Lena não chegou a completar 50 anos de casada. Quis Deus recolhê-la para perto de si antes. Mas suas filhas não esqueceram a data e em homenagem a ela, amigo da família mandou 12 rosas. Cada uma simbolizando um dos filhos.
À noitinha, quando só restou a terceira filha, dona da casa onde ocorreu a celebração, janela aberta, uma borboleta amarela adentra pela sala e, sobre a mesa, brinca por sobre as 12 rosas como que beijando cada uma delas.
D. Lena é minha bisavó. O primogênito enviado à guerra é meu avô.
Hoje é meu aniversário. Tão importante quanto avançar pelo tempo é nutrir-se pela própria raiz. Por esses 26 anos de existência um muito obrigado a Deus pela família que tenho e, a cada um de seus inumeráveis membros, um muito obrigado por tornarem este período tão especial.
segunda-feira, 22 de junho de 2009
sexta-feira, 19 de junho de 2009
Confesso que sobrevivi
Nunca vivi algo parecido com o que foi este último mês. Todos os meus amigos sabem de cor e salteado a minha mais freqüente resposta para todos os convites feitos neste último mês: ‘Não posso, tenho que fazer minha monografia’. Gostaria, inclusive, de saudar Murphy e dizer a este senhor que ele perdeu uma ótima oportunidade de ficar calado quando elaborou a sua famigerada lei. Isto porque canso de passar finais de semana sem qualquer evento e sem qualquer compromisso que me impeça de eventualmente participar de alguns, mas parece que eles ficam todos esperando eu estar bem ocupado para darem as caras.
Uma conjunção de fatores que passa, sim, por uma certa desídia deste que vos tecla me levou a alguns dos dias mais estressantes da minha vida. Primeiro fator, a monografia em si. Segundo fator, a proximidade com as provas da OAB e, at last but not fucking least, estarmos, eu e minha mãe mudando de casa. Ok, poderia ter sido pensada uma data melhor para se mudar, mas, do ponto de vista financeiro, foi a única saída que tivemos. Monografei, sim, entre caixas e movimentação incomum em casa e, em alguns momentos, sob intensa penúria porque meu quarto ficou sendo o único cômodo montado da casa antiga. Isto mesmo, sem cozinha, geladeira e a dispensa com suprimentos. Para comer alguma coisa eu tinha que parar o que estivesse fazendo e ir na rua de trás, no novo apartamento ainda, também não completamente montado. E isto significa, para alguém que está monografando, preciosos minutos em que linhas podem virar páginas e páginas podem virar capítulos, mas eu ia, né? Tudo bem que só quando o estômago estava quase colando nas costas, mas ia.
Apesar do trabalho não ter ficado lá um primor do qual me orgulhe com todas as minhas forças, acho que, apesar dos pesares, foi o máximo do que eu pude oferecer e eu, sinceramente, me surpreendi com o quanto pude fazer frente a tantas adversidades. Nunca antes da história destepaiz, quiça da Humanidade, o Gabriel ficou 16 horas em frente ao computador praticamente ininterruptamente, seja por qual motivo fosse.
Obtendo a aprovação ou não (porque ainda tenho que defender o meu trabalho para uma banca), já foi uma experiência muito intensa de auto-superação que, com certeza, irá me ajudar em outras circunstâncias.
É sério, galera, NUNCA, mas NUNCA mesmo, deixem para amanhã o que pode (e em muitos casos, deve) ser feito hoje.
Ainda tem a segunda fase da OAB e a sustentação da mono, mas, dependendo, podem me chamar que vai ser mais fácil de eu aceitar. A partir de julho, sim, não terei motivos para recusar. Não deixem Murphy ganhar mais uma vez!
PS: Lu e Thadeu (porque pra mim vocês são uma pessoa só), thank you very much =D
Uma conjunção de fatores que passa, sim, por uma certa desídia deste que vos tecla me levou a alguns dos dias mais estressantes da minha vida. Primeiro fator, a monografia em si. Segundo fator, a proximidade com as provas da OAB e, at last but not fucking least, estarmos, eu e minha mãe mudando de casa. Ok, poderia ter sido pensada uma data melhor para se mudar, mas, do ponto de vista financeiro, foi a única saída que tivemos. Monografei, sim, entre caixas e movimentação incomum em casa e, em alguns momentos, sob intensa penúria porque meu quarto ficou sendo o único cômodo montado da casa antiga. Isto mesmo, sem cozinha, geladeira e a dispensa com suprimentos. Para comer alguma coisa eu tinha que parar o que estivesse fazendo e ir na rua de trás, no novo apartamento ainda, também não completamente montado. E isto significa, para alguém que está monografando, preciosos minutos em que linhas podem virar páginas e páginas podem virar capítulos, mas eu ia, né? Tudo bem que só quando o estômago estava quase colando nas costas, mas ia.
Apesar do trabalho não ter ficado lá um primor do qual me orgulhe com todas as minhas forças, acho que, apesar dos pesares, foi o máximo do que eu pude oferecer e eu, sinceramente, me surpreendi com o quanto pude fazer frente a tantas adversidades. Nunca antes da história destepaiz, quiça da Humanidade, o Gabriel ficou 16 horas em frente ao computador praticamente ininterruptamente, seja por qual motivo fosse.
Obtendo a aprovação ou não (porque ainda tenho que defender o meu trabalho para uma banca), já foi uma experiência muito intensa de auto-superação que, com certeza, irá me ajudar em outras circunstâncias.
É sério, galera, NUNCA, mas NUNCA mesmo, deixem para amanhã o que pode (e em muitos casos, deve) ser feito hoje.
Ainda tem a segunda fase da OAB e a sustentação da mono, mas, dependendo, podem me chamar que vai ser mais fácil de eu aceitar. A partir de julho, sim, não terei motivos para recusar. Não deixem Murphy ganhar mais uma vez!
PS: Lu e Thadeu (porque pra mim vocês são uma pessoa só), thank you very much =D
terça-feira, 2 de junho de 2009
"na verdade, não há"
“E se fosse comigo?” Eu, pelo menos, tenho medo de avião por que avião foi feito para cair. Nem me venham com aquelas manjadas estatísticas que comprovam que automóveis são mais perigosos que aviões, pois automóveis foram feito pra transportar sobre quatro rodas e avião, sobre nenhuma. Simples assim. Eu resisto a acreditar que o avião não seja nada mais do que um amontoado de aço e metal arremessado no ar com pessoas dentro. Tudo bem que tem rota pré-estabelecida e uma pessoa tentando comandar, mas basta uma panezinha elétrica aqui ou uma distraçãozinha ali, que o amontoado recupera sua natureza aleatória e imprevisível. E como todo ser humano que se preza tem reservas com o que seja aleatório e imprevisível, tenho medo de avião pois se ele assume esta natureza, estarei diante de meu maior pesadelo.
Sim, tenho medo de morrer e principalmente de morrer tão assim no meio do caminho. Como disse a uma amiga, no meio do caminho já basta a pedra. Acho morrer a caminho de uma reunião de negócios, no meio de uma escala para Pequim ou na viagem de lua de mel uma tremenda banalização do evento morte. Por diferentes que sejam as crenças, não há que se negar: a morte é um evento importante. E acho que deve ser ruim ser pego de surpresa, sem que tenhamos tempo de ver uma última vez que seja aquela pessoa que amamos e que ficou esperando nossa ligação pela manhã dizendo que chegamos bem e que também estamos com saudade, de ouvir aquela música que nos faz sentir tão bem, de ver aquelas fotografias do tempo de criança, de estar cercado de amigos e se sentindo amado. Deve ser ruim deixar coisas por fazer, não ter mais tempo de deixar melhores lembranças, os únicos verdadeiros bens que deixamos.
Sim, tenho medo de morrer e principalmente de morrer tão assim no meio do caminho. Como disse a uma amiga, no meio do caminho já basta a pedra. Acho morrer a caminho de uma reunião de negócios, no meio de uma escala para Pequim ou na viagem de lua de mel uma tremenda banalização do evento morte. Por diferentes que sejam as crenças, não há que se negar: a morte é um evento importante. E acho que deve ser ruim ser pego de surpresa, sem que tenhamos tempo de ver uma última vez que seja aquela pessoa que amamos e que ficou esperando nossa ligação pela manhã dizendo que chegamos bem e que também estamos com saudade, de ouvir aquela música que nos faz sentir tão bem, de ver aquelas fotografias do tempo de criança, de estar cercado de amigos e se sentindo amado. Deve ser ruim deixar coisas por fazer, não ter mais tempo de deixar melhores lembranças, os únicos verdadeiros bens que deixamos.
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