sexta-feira, 17 de abril de 2009

Território Restrito

Fui pesquisar um pouco sobre o filme na internet e descobri que é uma refilmagem. Inclusive feita pelo mesmo diretor. Eu não sei qual a necessidade que Hollywood volta e meia tem de pegar um filme estrangeiro e hollywoodizá-lo. Foi assim com “Vanilla Sky” (cópia de “Abra los ojos”), por exemplo, e recentemente com “Quarentena” (cópia de “REC”). Se eles têm tanto dinheiro assim, por que não promover o original ou, melhor ainda, fazer algo original? Certamente há alguma estratégia de marketing aí por trás, mas que, pelo menos comigo, não funciona. Se sei de antemão que o filme é uma refilmagem hollywoodiana, já torço um pouco o nariz porque invariavelmente o original é muito melhor.
Enfim, fui assistir “Território Restrito” ("Crossing Over", no original) sem saber este detalhe. Não é que o filme seja ruim, mas também não é bom. É o primo pobre dos seus congêneres “Babel” e “Crash”. Trata, principalmente, da questão da imigração e da política americana neste tocante, nesta era pós 11 de setembro. Tem mexicanos sendo presos, morrendo nas fronteiras, coreanos se matando em suas lavanderias e lojas de conveniência, iranianos, muçulmanos injustiçados com a caça às bruxas propagada pela guerra contra o terrorismo e o governo americano.
Aí está um ponto crucial em "Território Restrito". Se em "Babel", uma das preocupações era mostrar a face dura da política de imigração estadunidense, neste, abre-se concessões para agentes de governo "bonzinhos". Se há a promotora linha dura, há a defensora humanista. Se há o agente de imigração corrupto, há o que realmente se preocupa com a qualidade de vida daqueles que são presos e deportados. Não quero ser panfletário e defender que "Babel" está certo e "Território Restrito", errado. Mas em termos de discurso, essa tentativa de atenuar a má imagem dos Estados Unidos e sua política de imigração soou um tanto forçada, até inverossímil. Pelo menos para mim. Certamente há meios mais sutis de se dar uma explicação menos maniqueísta para este tema.
O que me espantou também foi ver Alice Braga fazendo quase figuração. Não que ela seja uma veterana que pode se dar ao luxo de escolher qual papel que pegar, mas aparecer só 15 minutos, falar meia dúzia de frases em espanhol, para depois desaparecer, também já é demais. Harrison Ford está bem, faz o que lhe é pedido e nada mais, Ashley Judd constinua linda e Ray Liotta parece mais o Lion do Thundercats, certamente devido a altas doses de aplicação de botox.
Enfim, vai ver o motivo da refilmagem é mais político (dado o atual contexto de tentativa de mudar a imagem dos EUA no mundo) do que de marketing, mas das duas formas é muito pouco eficiente.

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