"e no final assim, calado,
eu sei que vou ser coroado rei de mim"
MC-LH (de onde vem a calma)
A chuva leva bastante sujeira para as ruas. Além de tingir tudo de prateado, ela faz com que as pessoas tenham menos paciência, andem mais rápido, se esbarrem com mais violência. Os meus sapatos me apertam. Engraxei-os hoje pela manhã e já estão irreconhecíveis. Procuro não me importar com isso. A temperatura está mais amena que ontem, mas não o suficiente para tornar confortável andar pelas ruas com terno e gravata. Sinto um pouco de falta de ar. Seguro um guarda-chuvas vacilante.
Sinto-me como que observado, como que cobrado. Não sei quando nem porquê fiquei sério, assim, frio. A vitrine repleta de televisores me exige alegria e eu também. Mas não de uma forma espontânea. De uma forma violenta, que dói no peito, contra a vontade, e que invariavelmente disfarço, com certo cinismo. Mas os olhos não mentem. Natália sabia disso muito bem e era a pessoa que mais sabia ler meus olhos. Eu não conseguia mentir para ela, mas ela conseguia mentir para mim. E para ela também. Pensar na Natália me dá fome. Fome, não, apetite. Vontade de fazer amor com ela repetidas vezes depois de brigar. Ouvir os suspiros dela no meu ouvido e me sentir vingado. Só que ela sabia ler meus olhos e via o que eu não queria e também o que eu não sabia, como se eles fossem uma bola de cristal. Ela disse que descobriu que não era a mulher certa para mim e bateu a porta. Nunca vou me esquecer dos cabelos dela balançando ao fazer isso. É a imagem que ainda tenho daquele dia. Tinha urgência naqueles cabelos. Vontade de fugir. Os cabelos dela me magoaram profundamente. E o reflexo do sol da manhã que vinha deles rapidamente se desfiguraram na mesma hora da dor na garganta e da vontade de gritar. Por que eu não sabia de quem tinha sido a culpa.
Pensar nisso pesa o corpo e ainda tenho dois quarteirões para atravessar. Com poças d´água e pessoas bufando na calçada estreita.
A chuva aperta. A parte baixa da calça do meu terno já está um pouco molhada e a parte de trás, com pontinhos brancos da poeira da chuva. Ando mais rápido e balanço a cabeça para arrumar os pensamentos.
quarta-feira, 26 de março de 2008
domingo, 23 de março de 2008
filme: Chega de Saudade.
Filmes que me inspiram. Filmes que me façam identificar em cada personagem um pedaço de mim, na tão misteriosa universalidade que nos une através dessa coisa chamada empatia. Essa foi a grata surpresa da tarde de hoje: o filme “Chega de Saudade”. E eu que nem estava com vontade de ir ao cinema, acabei indo a um baile. Não um baile funk ou um baile de formatura, mas um baile desses onde se dança dança de salão onde o ambiente e a trilha sonora são melancólicos e celebram a vida, ao mesmo tempo. Onde há pessoas que vivem no limite entre a realidade e a ilusão. Onde há pessoas que se desnudam, mas que não dispensam o uso de máscaras quando convém, ou não. Tudo muito cotidiano, tudo muito excepcional. Dessas coisas que são verdadeiras, mas podem ser constrangedoras, que são passionais, mas podem ser bregas. A Laís Bodanzky soube usar bem close, foco, diálogos que sobrepunham músicas, conversas perdidas no salão (comentários maldosos, falas à toa, versos cantados ao pé do ouvido), exatamente como eu gostaria que fosse feito, com eu faria, se fosse o diretor. Gosto desses filmes que posso pegar emprestado. A cena em que Marquinos pergunta se Bel recebeu alguma coisa de alguém no salão e o diálogo entre eles. A cena em que Álvaro encontra com a ex-mulher morta e o diálogo entre eles. A cena em que Eudes recita “Carinhoso” nos ouvidos de Bel, e Marici chora escondida, de ciúmes. A cena em que Rita se masturba no banheiro. A cena em que Elza beija o dançarino à força e o joga fora com lágrima nos olhos. A cena em que Álvaro pede que o garçom não deixe que dona Alice perceba que se esquecera de buscar-lhe o remédio. E as inúmeras cenas de olhares do Paulo Vilhena, como Marquinhos; da Maria Flor, como Bel; de Leonardo Villar como Álvaro; de Stepan Nercessian, como Eudes; de Cássia Kiss e suas indefectíveis rugas, como Marici; de Clarice Abujamra, como Rita; de Betty Faria, como Elza e de Tônia Carrero, como Dona Alice. Tudo pela fotografia do Walter Carvalho. Tudo em uma só noite de baile e cada um com sua trilha sonora com a voz, a alma e as costas musculosas da Elza Soares, como a crooner Ana, da banda Lua de Prata. Como um grande vídeo-clipe de música brega. Como a vida da gente.
quinta-feira, 20 de março de 2008
filme: Ponto de Vista.
Uma cena que muita gente gostaria de ver. Numa solenidade pública, dá-se a palavra ao presidente dos Estados Unidos. Ele se dirige ao púlpito e saúda a platéia com os braços erguidos como se fosse dar-lhes um grande abraço. Antes que ele comece a falar, antes mesmo que abaixe os braços, é alvejado impiedosamente com dois tiros.
É a cena que se repete, pelo menos umas cinco vezes, vista por diferentes ângulos, no filme “Ponto de vista”. Aí está o início, meio e fim do filme. É o acontecimento principal que já é mostrado na seqüência inicial, cujos antecedentes são mostrados aos poucos junto com os desdobramentos. Pareceu confuso? Na telona, nem tanto. É até um filme bastante auto-explicativo. No início me lembrei de “Memento” e me empolguei um pouco chegando a pensar que a história fosse ser contada de trás pra frente, mas isso só acontece na primeira parte. O que se segue é só o “antes” e o “depois” da história e de alguns personagens.
Dessa forma somos apresentados ao presidente, interpretado por William Hurt; ao seu fiel guarda costas interpretado por Denis Quaid; ao enigmático turista americano, interpretado por Forrest Whitaker; ao membro da segurança do presidente, interpretado por Mathew Fox e outros tantos personagens.
O filme traz a um tanto absurda possibilidade de uma rede terrorista brilhantemente articulada se aproveitar de alguma aparição pública daquele que é o chefe da nação mais poderosa do mundo para matá-lo, ignorando seu forte aparato de segurança e, seu calcanhar de aquiles, o registro das muitas câmeras presentes no evento que, editadas, neste caso, têm uma boa história pra contar. Uma das maiores surpresas da trama é revelada justamente pela câmera de uma equipe de televisão que estava cobrindo o evento. Sem contar uma pobre menininha prestes a ser atropelada que soluciona boa parte dos problemas nos 20 minutos finais. A despeito dessas soluções mágicas (tá, a das câmeras é até bem bolada, mas Brian de Palma já tinha usado essa técnica há uns 10 anos atrás no impressionante “Olhos de Serpente” que teve toda a 1ª parte, de quase uma hora, filmada em um só take) e de várias perguntas sem respostas (qual era a do Forrest Whitaker? Qual era a dos terroristas?) é um filme que distrai deixando a gente entretido em ligar os fatos e prende na cadeira graças ao ritmo que a direção e a montagem conseguiram criar. Tem alguns clichês, mas não chama a platéia de burra e a sensação ao sair do cinema é boa, não por que foi legal ver o presidente americano levando uns tecos, mas por que, por ser um filme de ação, cumpre o seu papel fundamental, sem grandes ambições, que é entreter. Ainda tem o atrativo de ser passado na Europa muito embora as belezas da cidade de Salamanca, na Espanha, que serviu de cenário para a trama, não tenham sido priorizadas.
É a cena que se repete, pelo menos umas cinco vezes, vista por diferentes ângulos, no filme “Ponto de vista”. Aí está o início, meio e fim do filme. É o acontecimento principal que já é mostrado na seqüência inicial, cujos antecedentes são mostrados aos poucos junto com os desdobramentos. Pareceu confuso? Na telona, nem tanto. É até um filme bastante auto-explicativo. No início me lembrei de “Memento” e me empolguei um pouco chegando a pensar que a história fosse ser contada de trás pra frente, mas isso só acontece na primeira parte. O que se segue é só o “antes” e o “depois” da história e de alguns personagens.
Dessa forma somos apresentados ao presidente, interpretado por William Hurt; ao seu fiel guarda costas interpretado por Denis Quaid; ao enigmático turista americano, interpretado por Forrest Whitaker; ao membro da segurança do presidente, interpretado por Mathew Fox e outros tantos personagens.
O filme traz a um tanto absurda possibilidade de uma rede terrorista brilhantemente articulada se aproveitar de alguma aparição pública daquele que é o chefe da nação mais poderosa do mundo para matá-lo, ignorando seu forte aparato de segurança e, seu calcanhar de aquiles, o registro das muitas câmeras presentes no evento que, editadas, neste caso, têm uma boa história pra contar. Uma das maiores surpresas da trama é revelada justamente pela câmera de uma equipe de televisão que estava cobrindo o evento. Sem contar uma pobre menininha prestes a ser atropelada que soluciona boa parte dos problemas nos 20 minutos finais. A despeito dessas soluções mágicas (tá, a das câmeras é até bem bolada, mas Brian de Palma já tinha usado essa técnica há uns 10 anos atrás no impressionante “Olhos de Serpente” que teve toda a 1ª parte, de quase uma hora, filmada em um só take) e de várias perguntas sem respostas (qual era a do Forrest Whitaker? Qual era a dos terroristas?) é um filme que distrai deixando a gente entretido em ligar os fatos e prende na cadeira graças ao ritmo que a direção e a montagem conseguiram criar. Tem alguns clichês, mas não chama a platéia de burra e a sensação ao sair do cinema é boa, não por que foi legal ver o presidente americano levando uns tecos, mas por que, por ser um filme de ação, cumpre o seu papel fundamental, sem grandes ambições, que é entreter. Ainda tem o atrativo de ser passado na Europa muito embora as belezas da cidade de Salamanca, na Espanha, que serviu de cenário para a trama, não tenham sido priorizadas.
Que que eu tô fazendo aqui, caralho!?!?
Me perguntei isso umas 3 vezes no dia de hoje. É que fui ao Hopi Hari anos depois de ter prometido a mim mesmo que nunca mais colocaria os pés num parque de diversões. Eu me justificava, lá nos meados da minha adolescência, dizendo que meu padrão de diversão era diferente do da maioria das pessoas. Conversa fiada. Eu me cagava era de medo, e foi me cagando de medo que adentrei aqueles portões na manhã de hoje. Que nem cachorro em canoa, com diz um primo meu.
Do estacionamento, que guarda uma certa distância do parque, ouvíamos os gritos da galera que, num outro contexto poderia passar tranquilamente por gritos de vítimas de grandes cataclismas ou algo que o valha. Era assustador, de uma certa forma. Mas como, para minha íntima decepção, os meus acompanhantes não demonstravam as mesmas preocupações humanísticas que eu, guardei a impressão pra mim, e tentava disfarçar o pavor que tinha de despencar de não-sei-quantos-metros ou de ficar de cabeça para baixo em alta velocidade, fazendo cara de corajoso e tentando mostrar que nada daquilo me afetava, que era tudo muito normal. Acho que foi um esforço vão, mas, ainda assim, segui tentando. Sou brasileiro e não desisto nunca.
Depois de alguns minutos percebi que poderia me utilizar de um poderoso álibi: o parque havia sido invadido por uma verdadeira multidão e o tamanho das filas certamente era mais amedrontador que as atrações em si. Aí qualquer coisa era só dizer que eu bem quis andar naqueles brinquedos todos, mas as filas estavam muito grandes e eu não consegui. Que pena! Mas a coisa mais curiosa (e de certa forma, desanimadora) foi descobrir que havia a possibilidade surreal de comprar ingresso VIP pra não enfrentar fila. Sim, isso mesmo, uma furação de fila oficial e sem ouvir reclamação de quem ficou plantado esperando duas horas por meros cinco minutos de gritos e altas doses de adrenalina no sangue. Óbvio que acabei optando, meio a contragosto, por essa pequena corruptela socialmente aprovada só para não ficar conhecido entre os meus convivas como o cagão do ano. Era simples assim: a gente entrava por onde as pessoas normalmente saíam dos brinquedos e sentava lá, todo prosa, no banquinho da montanha russa na mão grande total. Supostamente, as outras pessoas aceitam bem isso por que a nossa contrapartida, em vez de horas em pé numa fila, é morrer em mais 20 merréizinhos. Tudo muito estranho. Enfim, em menos de uma hora cumpri um roteiro de 4 atrações que poderia levar um dia inteiro para ser cumprido. (A pergunta que não quer calar é: o que poderá acontecer quando mais pessoas puderem comprar esse ingresso VIP [se é que esse dia vai chegar]? Se chegar, prevejo pancadaria por que não existe coisa mais aborrecida que fila. Isso sem contar que nesses lugares a fila exerce um poderoso papel psicológico na potencialização do medo que o brinquedo pode proporcionar. Você fica ali olhando aquelas pessoas gritando sendo jogadas de um lado pro outro, pra cima, pra baixo, de cabeça pra baixo ou em queda livre e pensando onde foi amarrar o pobre do seu bode.)
No final, tudo era festa (tava soltando as mãos do carrinho da montanha russa e tudo. Pimpãozaço). Ainda lamentei que a tal promoção furafileitor tabajara não permitia mais que 4 ingressos. Esses 20 merréizinhos a mais me ajudaram a me livrar de um trauma e a refletir o papel que o medo exerce sobre a minha vida. Brincadeiras à parte, é fato que se eu tivesse me deixado render pelo medo, não teria me divertido nem um terço da metade do que me diverti com algo que assusta mais pela aparência. Praticamente uma sessão de psicoterapia.
(esse post foi escrito domingo, dia 16/03/2008, em São Paulo)
Do estacionamento, que guarda uma certa distância do parque, ouvíamos os gritos da galera que, num outro contexto poderia passar tranquilamente por gritos de vítimas de grandes cataclismas ou algo que o valha. Era assustador, de uma certa forma. Mas como, para minha íntima decepção, os meus acompanhantes não demonstravam as mesmas preocupações humanísticas que eu, guardei a impressão pra mim, e tentava disfarçar o pavor que tinha de despencar de não-sei-quantos-metros ou de ficar de cabeça para baixo em alta velocidade, fazendo cara de corajoso e tentando mostrar que nada daquilo me afetava, que era tudo muito normal. Acho que foi um esforço vão, mas, ainda assim, segui tentando. Sou brasileiro e não desisto nunca.
Depois de alguns minutos percebi que poderia me utilizar de um poderoso álibi: o parque havia sido invadido por uma verdadeira multidão e o tamanho das filas certamente era mais amedrontador que as atrações em si. Aí qualquer coisa era só dizer que eu bem quis andar naqueles brinquedos todos, mas as filas estavam muito grandes e eu não consegui. Que pena! Mas a coisa mais curiosa (e de certa forma, desanimadora) foi descobrir que havia a possibilidade surreal de comprar ingresso VIP pra não enfrentar fila. Sim, isso mesmo, uma furação de fila oficial e sem ouvir reclamação de quem ficou plantado esperando duas horas por meros cinco minutos de gritos e altas doses de adrenalina no sangue. Óbvio que acabei optando, meio a contragosto, por essa pequena corruptela socialmente aprovada só para não ficar conhecido entre os meus convivas como o cagão do ano. Era simples assim: a gente entrava por onde as pessoas normalmente saíam dos brinquedos e sentava lá, todo prosa, no banquinho da montanha russa na mão grande total. Supostamente, as outras pessoas aceitam bem isso por que a nossa contrapartida, em vez de horas em pé numa fila, é morrer em mais 20 merréizinhos. Tudo muito estranho. Enfim, em menos de uma hora cumpri um roteiro de 4 atrações que poderia levar um dia inteiro para ser cumprido. (A pergunta que não quer calar é: o que poderá acontecer quando mais pessoas puderem comprar esse ingresso VIP [se é que esse dia vai chegar]? Se chegar, prevejo pancadaria por que não existe coisa mais aborrecida que fila. Isso sem contar que nesses lugares a fila exerce um poderoso papel psicológico na potencialização do medo que o brinquedo pode proporcionar. Você fica ali olhando aquelas pessoas gritando sendo jogadas de um lado pro outro, pra cima, pra baixo, de cabeça pra baixo ou em queda livre e pensando onde foi amarrar o pobre do seu bode.)
No final, tudo era festa (tava soltando as mãos do carrinho da montanha russa e tudo. Pimpãozaço). Ainda lamentei que a tal promoção furafileitor tabajara não permitia mais que 4 ingressos. Esses 20 merréizinhos a mais me ajudaram a me livrar de um trauma e a refletir o papel que o medo exerce sobre a minha vida. Brincadeiras à parte, é fato que se eu tivesse me deixado render pelo medo, não teria me divertido nem um terço da metade do que me diverti com algo que assusta mais pela aparência. Praticamente uma sessão de psicoterapia.
(esse post foi escrito domingo, dia 16/03/2008, em São Paulo)
domingo, 2 de março de 2008
cineminha
Ressucitando a idéia de comentar filmes... Hoje assisti “Juno”. O filme é bom, mas tinha melhores expectativas. Sim, o roteiro é legal. Sim, Ellen Page arrebenta. Mas na saída do filme uma amiga me sacaneou que eu parecida o Flanders, o vizinho teletubbie dos Simpsons, por que classifiquei o filme com todos os adjetivos no diminutivo. Filminho bacaninha, roteirinho legalzinho, historinha levezinha. E é isso aê. Estou à caça de um filme melhor que “A culpa é do Fidel”, mas por enquanto ta difícil e ele permanece na minha página do orkut como favorito do momento. Fui à espera de algo mais chocante (e isso pode, sim, ter influenciado qualquer caráter depreciativo que essa crítica assumir), que me levasse a maiores reflexões. O filme não tem obrigação nenhuma de corresponder às minhas expectativas, mas achei algumas coisas muito simplistas e também que tem piadinhas e tiradinhas espertinhas demais. Não que as piadas fossem ruins ou fossem inadequadas às situações, muito pelo contrário, o problema é que dá a impressão de que, no fundo, o que se vai lembrar do filme é só o quanto a Juno e o pai adotivo da criança são espirituosos. Ele tem todo o direito de não ter uma abordagem moralista, mas também não pode deixar que a gente saia do cinema achando que toda aquela experiência é tão fácil de ser vivida. Sim, cada um com seu cada qual. Diferentes pessoas passam por situações difíceis de diferentes formas e o filme pode ser a história de uma menina que passou por aquela experiência com uma certa facilidade, mas o problema é que me parece que não houve mesmo muita seriedade ao tratar o tema. Pareceu, no final das contas, e o final do filme realça bastante essa idéia, de que tudo não passou de uma grande enrascada na qual aqueles jovens se meteram e, muito espertamente, conseguiram se livrar. A seriedade ficou restrita aos momentos de emoção quando Juno vai se dando conta que carrega uma pessoa consigo e não um saco de batatas. Destaque para as cenas do shopping com uma sensível atuação da Kate Beckingsale. Falando em atores, o time é muito bom. A Kate Beckingsale, que para mim ainda não havia dito ao que veio a não ser dar sopapos a torto e a direito na TV e na série com a personagem Elektra, faz bonito no papel da mãe adotiva neurótica que não consegue engravidar. Cheguei até a bolar a história da personagem na minha cabeça. Menina mimada inteligente que casou com um músico por querer ser um pouco cool e se achar muito quadradona e que perdeu um pouco da arrogância quando viu que não podia ter o que mais queria na vida, engravidar. Os atores que fizeram o pai de Juno e sua madrasta também foram bem e os personagens que interpretam são o sonho de toda adolescente que engravida. A melhor amiga também manda bem, mas o que eu fiquei realmente impressionado foi com o ator que interpretou o namorado. Era um personagem aparentemente simples, mas que poderia ficar muito caricato nas mãos de qualquer ator sem talento e ele encontrou o tom certo. É um moleque paparicado pela mãe, recém saído da infância e que é completamente apaixonado por Juno. É ingênuo, mas não é looser. É tímido, mas não é relutante.
Outro ponto importante também é a trilha sonora. Não conheço nenhuma das bandas e o único som que me pareceu familiar foi uma bossa nova (isso mesmo) ou outra cantada em inglês (isso mesmo) e uma versão do Sonic Youth pra uma música do Carpenters. Tudo muito bacaninha.
Outro ponto importante também é a trilha sonora. Não conheço nenhuma das bandas e o único som que me pareceu familiar foi uma bossa nova (isso mesmo) ou outra cantada em inglês (isso mesmo) e uma versão do Sonic Youth pra uma música do Carpenters. Tudo muito bacaninha.
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