Uma cena que muita gente gostaria de ver. Numa solenidade pública, dá-se a palavra ao presidente dos Estados Unidos. Ele se dirige ao púlpito e saúda a platéia com os braços erguidos como se fosse dar-lhes um grande abraço. Antes que ele comece a falar, antes mesmo que abaixe os braços, é alvejado impiedosamente com dois tiros.
É a cena que se repete, pelo menos umas cinco vezes, vista por diferentes ângulos, no filme “Ponto de vista”. Aí está o início, meio e fim do filme. É o acontecimento principal que já é mostrado na seqüência inicial, cujos antecedentes são mostrados aos poucos junto com os desdobramentos. Pareceu confuso? Na telona, nem tanto. É até um filme bastante auto-explicativo. No início me lembrei de “Memento” e me empolguei um pouco chegando a pensar que a história fosse ser contada de trás pra frente, mas isso só acontece na primeira parte. O que se segue é só o “antes” e o “depois” da história e de alguns personagens.
Dessa forma somos apresentados ao presidente, interpretado por William Hurt; ao seu fiel guarda costas interpretado por Denis Quaid; ao enigmático turista americano, interpretado por Forrest Whitaker; ao membro da segurança do presidente, interpretado por Mathew Fox e outros tantos personagens.
O filme traz a um tanto absurda possibilidade de uma rede terrorista brilhantemente articulada se aproveitar de alguma aparição pública daquele que é o chefe da nação mais poderosa do mundo para matá-lo, ignorando seu forte aparato de segurança e, seu calcanhar de aquiles, o registro das muitas câmeras presentes no evento que, editadas, neste caso, têm uma boa história pra contar. Uma das maiores surpresas da trama é revelada justamente pela câmera de uma equipe de televisão que estava cobrindo o evento. Sem contar uma pobre menininha prestes a ser atropelada que soluciona boa parte dos problemas nos 20 minutos finais. A despeito dessas soluções mágicas (tá, a das câmeras é até bem bolada, mas Brian de Palma já tinha usado essa técnica há uns 10 anos atrás no impressionante “Olhos de Serpente” que teve toda a 1ª parte, de quase uma hora, filmada em um só take) e de várias perguntas sem respostas (qual era a do Forrest Whitaker? Qual era a dos terroristas?) é um filme que distrai deixando a gente entretido em ligar os fatos e prende na cadeira graças ao ritmo que a direção e a montagem conseguiram criar. Tem alguns clichês, mas não chama a platéia de burra e a sensação ao sair do cinema é boa, não por que foi legal ver o presidente americano levando uns tecos, mas por que, por ser um filme de ação, cumpre o seu papel fundamental, sem grandes ambições, que é entreter. Ainda tem o atrativo de ser passado na Europa muito embora as belezas da cidade de Salamanca, na Espanha, que serviu de cenário para a trama, não tenham sido priorizadas.
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