quinta-feira, 20 de março de 2008

Que que eu tô fazendo aqui, caralho!?!?

Me perguntei isso umas 3 vezes no dia de hoje. É que fui ao Hopi Hari anos depois de ter prometido a mim mesmo que nunca mais colocaria os pés num parque de diversões. Eu me justificava, lá nos meados da minha adolescência, dizendo que meu padrão de diversão era diferente do da maioria das pessoas. Conversa fiada. Eu me cagava era de medo, e foi me cagando de medo que adentrei aqueles portões na manhã de hoje. Que nem cachorro em canoa, com diz um primo meu.
Do estacionamento, que guarda uma certa distância do parque, ouvíamos os gritos da galera que, num outro contexto poderia passar tranquilamente por gritos de vítimas de grandes cataclismas ou algo que o valha. Era assustador, de uma certa forma. Mas como, para minha íntima decepção, os meus acompanhantes não demonstravam as mesmas preocupações humanísticas que eu, guardei a impressão pra mim, e tentava disfarçar o pavor que tinha de despencar de não-sei-quantos-metros ou de ficar de cabeça para baixo em alta velocidade, fazendo cara de corajoso e tentando mostrar que nada daquilo me afetava, que era tudo muito normal. Acho que foi um esforço vão, mas, ainda assim, segui tentando. Sou brasileiro e não desisto nunca.
Depois de alguns minutos percebi que poderia me utilizar de um poderoso álibi: o parque havia sido invadido por uma verdadeira multidão e o tamanho das filas certamente era mais amedrontador que as atrações em si. Aí qualquer coisa era só dizer que eu bem quis andar naqueles brinquedos todos, mas as filas estavam muito grandes e eu não consegui. Que pena! Mas a coisa mais curiosa (e de certa forma, desanimadora) foi descobrir que havia a possibilidade surreal de comprar ingresso VIP pra não enfrentar fila. Sim, isso mesmo, uma furação de fila oficial e sem ouvir reclamação de quem ficou plantado esperando duas horas por meros cinco minutos de gritos e altas doses de adrenalina no sangue. Óbvio que acabei optando, meio a contragosto, por essa pequena corruptela socialmente aprovada só para não ficar conhecido entre os meus convivas como o cagão do ano. Era simples assim: a gente entrava por onde as pessoas normalmente saíam dos brinquedos e sentava lá, todo prosa, no banquinho da montanha russa na mão grande total. Supostamente, as outras pessoas aceitam bem isso por que a nossa contrapartida, em vez de horas em pé numa fila, é morrer em mais 20 merréizinhos. Tudo muito estranho. Enfim, em menos de uma hora cumpri um roteiro de 4 atrações que poderia levar um dia inteiro para ser cumprido. (A pergunta que não quer calar é: o que poderá acontecer quando mais pessoas puderem comprar esse ingresso VIP [se é que esse dia vai chegar]? Se chegar, prevejo pancadaria por que não existe coisa mais aborrecida que fila. Isso sem contar que nesses lugares a fila exerce um poderoso papel psicológico na potencialização do medo que o brinquedo pode proporcionar. Você fica ali olhando aquelas pessoas gritando sendo jogadas de um lado pro outro, pra cima, pra baixo, de cabeça pra baixo ou em queda livre e pensando onde foi amarrar o pobre do seu bode.)
No final, tudo era festa (tava soltando as mãos do carrinho da montanha russa e tudo. Pimpãozaço). Ainda lamentei que a tal promoção furafileitor tabajara não permitia mais que 4 ingressos. Esses 20 merréizinhos a mais me ajudaram a me livrar de um trauma e a refletir o papel que o medo exerce sobre a minha vida. Brincadeiras à parte, é fato que se eu tivesse me deixado render pelo medo, não teria me divertido nem um terço da metade do que me diverti com algo que assusta mais pela aparência. Praticamente uma sessão de psicoterapia.

(esse post foi escrito domingo, dia 16/03/2008, em São Paulo)

2 comentários:

Luciana disse...

hahaha, mto bom...
Gabriel, não sabia do seu medinho....rs
Achei seu blog lá nos comments de Fafa e vim parar aqui... Deve ser falta do orkut... hehehe
Bjooooo

Fabiana Mendonça disse...

hahahahahaha!!! Tá vendo..propaganda é a alma do negócio! Olha a Lu aí!! Lendo esse seu post lembrei do dia em que fomos ao Play City!!..Vc foi um presente não presente! Não andou em nenhum brinquedo perigoso, ficou só olhando!rsrs.. Bem, naquele dia vc tinha uma boa desculpa, afinal os brinquedos não eram confiáveis, Play City não é tão conhecido assim. Agora no Hopi Hari vc se ferrou!hahaha....
Enfim, que bom que vc superou seu medo. O problema não é o medo, todos temos, é a falta de coragem. E vc encontrou a sua!
Beijooooo