quarta-feira, 25 de junho de 2008

'Estou cego!'

Se a gente não tivesse o livre-arbítrio tudo seria mais fácil. A vida seria um suceder de determinados determinismos e ‘que maravilha viver’. Viveríamos como que num parque de diversões de zumbis a pousar as mãos sobre nossas imensas barrigas e dizer ‘ora veja’, sentindo a brisa matinal programada para aquele exato milésimo de segundo nos balançar as pelancas penduradas. Estou escatológico hoje. Mas tem dias que me pego a filosofar achando que o mundo é uma imensa escatologia. Estou lendo ‘Ensaio Sobre a Cegueira’ e discordo de Saramago. A obra tem seus méritos pois ninguém ganha um prêmio Nobel sem um mínimo de talento para nos fazer pensar, mas o problema é que parece que o Saramago também o escreveu sob o mesmo espírito que hoje escrevo estas palavras. Achando que o problema do mundo é ter gente demais no mundo sem saber de si e dos outros. Reforço que aqui estou pouco me lixando para o que acadêmicos e estetas acham. O que aqui vai são só as impressões que o livro me causou. Se essas impressões estão certas ou erradas, reservo este juízo a algo chamado foro íntimo que cada um tem o seu e que, inclusive, é sinal de extrema polidez respeitá-lo. Voltando, pareceu que ele esqueceu outros detalhes da existência humana que não os sórdidos e que na minha concepção e empáfia poderiam ter dado outros rumos mais agradáveis à narrativa. Ele poderia me dizer ‘se não gostou, não terminasse de ler’, mas terminei e, por isso, legitimo-me a proferir tais palavras (e mesmo que não tivesse terminado, teria dito da mesma forma, opinião não precisa de grandes requisitos para se dar). Acho que o grande estratagema é o livre-arbítrio. Para o bem e para o mal.

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