segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

urbana legio omnia vincit

Quinta feira passada eu fui assistir “Renato Russo”, a peça sobre o vocalista e líder de uma das bandas de maior relevância no cenário nacional, a Legião Urbana. Eu sou da geração que nasceu nos anos 80 e que, portanto, não teve a oportunidade de vivenciar a efervescência cultural e política daquela década. Meu gosto musical, então, se restringia aos novos sucessos da Xuxa, do Trem da Alegria e do Balão Mágico (este, muito pouco, é verdade) e o Sarney era só um cara que falava “brasileiros e brasileiras” de uma forma engraçada na televisão (e que eu gostava de imitar).
Fui conhecer a Legião Urbana mais precisamente no ano de 1997 quando do lançamento dos maiores sucessos da banda no CD “Mais do mesmo”. Era um presente que minha irmã havia ganhado de um namorado e que eu, sorrateiramente, confisquei. Eu tinha 14 anos e nem preciso dizer que a identificação foi imediata. Quase um evento astrológico. Estava ali toda a melancolia, toda rebeldia, toda dor, toda indignação e toda poesia que eu vivia naquele momento. Eu estava descobrindo o mundo, a literatura, a religiosidade, o sexo e o amor e a trilha sonora da Legião Urbana não só embalou muitos momentos como foi catalisadora, impulsionando pensamentos e descobertas. A Legião Urbana era muito mais que uma banda, era uma espécie de guru ( ironicamente, me veio agora à cabeça os versos de “Don´t look back in anger” – please don´t put your life in the hands of rock n´roll band who´ll throw it all away).
Pouco mais de 10 anos se passaram e lá estava eu na primeira fileira do teatro para assistir a peça. Jamais poderia imaginar que seria tamanha catarse. Não era o Renato Russo ali no palco (por mais que o ator se esforçasse, do Renato mesmo só consegui identificar a dancinha, faltou algo do tom de voz, do espírito e tem algumas cenas que achei desnecessárias, até constrangedoras, tipo uma coisa meio na cama com Madonna, só que desajeitado, não creio que o Renato fosse tão escrachado assim - deve ter uma maneira mais sutil e sofisticada de se falar da sexualidade dele), não era show da Legião Urbana, mas foi como voltar a ser adolescente um pouco. E nem sempre isso é ruim. Pelo menos para mim, não foi. Foi libertador de alguma forma a evocação daqueles dias em que as coisas iam aos poucos perdendo o brilho da infância e da ingenuidade para ganhar a sedução dos questionamentos. Tinham algumas coisas perdidas no meio do caminho e foi bom re-encontrá-las. Tinha tempo que não ouvia Legião Urbana e foi bom tirar a poeira dos tímpanos. E do coração.
Pelo que pude perceber, foi algo compartilhado pelas pessoas que estavam no teatro comigo. A Legião conseguiu superar até as falhas da peça.

2 comentários:

Luciana disse...

É LEGIÃO! É LEGIÃO! É LEGIÃO! É LEGIÃO!
Eu com 27 anos (primeiros fios brancos na cabeça, q tristeza) ainda gosto mto de Legião. Nem tive a fase de enjoar de ouvir, q mta gente relata. rs
Acho que justamente pela lembrança dessa fase tão boa da vida...
Bjs

Thadeu Tourinho disse...

Sempre bom reviver a adolescência, mesmo que seja através de um CD empoeirado. Fiquei curioso com a peça, deve ser legal!
Abraço